Humberto Furtado

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Humberto Furtado

22.05.13
* Por Priscila Silvério
Os primeiros contatos de Humberto Furtado com o mundo da fotografia foi ainda quando criança, com uma câmera analógica que ganhou de seu avô. Hoje, aos 26 anos, o fotógrafo de Santa Catarina surpreende, comove e emociona o público com seu trabalho, apresentando não apenas fotos, mas diálogos com o tempo, memórias, aprendizados e cultura.
Aos 18 anos, ele estudou design de interiores. Depois, foi para uma faculdade de arquitetura. Logo no 1º semestre do curso os professores repararam em sua aptidão para a fotografia. O jovem percebeu que o seu caminho era outro, lembrou-se dos conselhos do avô e foi estudar fotojornalismo em Montevidéu.
No início da carreira, as produções eram guiadas pela questão estética “Dentro dessa linha de querer esteticamente melhorar as coisas, comecei a fazer fotografia de moda”, conta o artista que, desde a adolescência, já tinha afinidade com a área. Revistas como a Vogue, Elle e Marie Clarie estavam sempre presentes em sua casa. Com o decorrer do tempo, o pensamento foi evoluindo e novas percepções foram adquiridas.
 
África e Tailândia
“Quando fui viajar para a África, o significado da fotografia se transformou completamente”, compartilha Humberto Furtado. Ele afirma que passou por um giro antológico muito forte e entendeu a questão estética como uma pequena parte que compõe a enorme estrutura do universo fotográfico.
Sua aventura na África começou em 2011 com um amigo canadense. Eles percorreram cerca de 1000 km de bicicleta. Depois, o fotógrafo seguiu com outros meios de transporte. Ao longo do percurso de quatro meses aconteceram transformações em sua própria personalidade e, consequentemente, no ato fotográfico. A cultura, o povo e a vida africana despertaram questionamentos e ajudaram a vencer preconceitos.
O viajante diz que o resultado de todos os lugares que conheceu foi um projeto em que fotografou e enfrentou grandes medos “Para me liberar dos meus pré-conceitos, eu tinha que estar nos lugares que mais me davam medo. Se eu tinha medo de andar de canoa em um rio movimentado, era nesse rio que eu ia. Se o medo era de altura, eu tinha que saltar de uma pedra alta. Medo de animal? Tinha que estar no meio da selva”, relembra.
Outro ponto interessante que vale ressaltar foi a reflexão sobre o tempo e a estrutura da África. Ele sentia que o ritmo fluía diferente e buscou registrar tal sensação. “Passei a fotografar as pessoas em movimento, correndo, como se fosse velocidade máxima. E fotografo um pouco a liberdade de viajar, dos saltos e das pessoas me olhando”, explica.
Mas o cansaço, a vontade de renovar e um convite inesperado foram os pontos principais para que esta viagem acabasse e outra se iniciasse. Humberto recebeu um telefonema e foi chamado para realizar um trabalho voluntário na Tailândia. Lá, o fotógrafo foi prestar auxílio a um santuário com 189 elefantes. O dele se chamava “Lua cheia” e recebia diferentes tipos de cuidados “Eu acordava todo dia cedinho, cortava cana-de-açúcar para alimentá-los, limpava o recinto, dava banho…”.
Além dessas atividades, Humberto aprendeu a fazer um papel ecologicamente correto com fibras de cana-de-açúcar encontradas nos dejetos dos elefantes. O primeiro passo era limpar e ferver os resíduos. Depois ocorria um processo artesanal similar ao do papel reciclado. “A partir daí, colocava as fezes em uma tela para secar e ficava pronto. Eu fiz o papel e depois comprei porque o dinheiro voltava para a cana-de-açúcar, tornando o processo 100% reciclável”, relata o artista. Ele também imprimiu fotos de sua autoria nesse papel, mostrando que há inúmeras possibilidades de associar design e sustentabilidade.
 
Esmola fotográfica
E não é só porque voltou ao Brasil que o espírito viajante ficou para trás. Humberto seguiu para cidades como Tocantins, Chapada dos Veadeiros e Salvador. O resultado de todos os aprendizados e vivências nas mais de 50 cidades que visitou foi o projeto “Esmola Fotográfica”, que é definido como sensível, marcante e sereno. Sua nova perspectiva profissional, ontológica e antropológica também fica evidente.
Tudo fica ainda mais interessante porque a ideia não é trazer denúncias ou respostas absolutas “O que direciona é o desejo de, ao encontrar uma pessoa, poder receber e oferecer, isto é, compartilhar”. Este é um dos trechos que definem a tese do fotógrafo. Ainda no texto do projeto encontramos outra proposta diferenciada “(…) ao encontrar o sujeito africano, tentou-se encontrar um sujeito sem adjetivos, para que, através do diálogo, da experiência apenas possibilitada pela com(vivência), poder apurar a sensibilidade, fugir da lógica da denúncia-pela-denúncia e então poder ser reconhecido/reconhecer um semelhante/distinto”.
O “Esmola Fotográfica” esteve na Casa da Fazenda do Morumbi, em São Paulo, e foi a primeira exposição de Humberto, que já conquistou muitos fãs e aparece como um nome forte e promissor na área. O Westwing trouxe este trabalho incrível e inspirador para que você conheça novos caminhos da arte e possa se envolver com a diversidade de etnias, além de conhecer imagens que carregam a essência e a sensibilidade das relações humanas!
 

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Gabriella Mondroni

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