Grafite ganha destaque em espaços internos

Mais do que belos desenhos coloridos, os grafites imprimem voz nas ruas, despertam admiração e estimulam o questionamento sobre temas sociais. Uma arte que nem sempre foi vista com bons olhos, hoje em dia faz parte da vida das pessoas e ganha mais espaço, principalmente dentro de casa.

Grafite na decoração

Na Vila Madalena, bairro paulistano conhecido pelos grafites, podemos ver o quanto os muros pintados caracterizam o local e atraem milhares de turistas o ano todo. O visual colorido, alegre e artístico virou um patrimônio cultural valorizado e cuidado pelos próprios habitantes.

O gosto por esse tipo de arte se tornou tão grande, que muitas pessoas decidiram incorporá-la nas paredes internas. Esse é o caso de Fernando Graubart que sempre adorou intervenções urbanas e resolveu levar para sua sala.

Grafite de Gen Duarte

Sala de jantar de Fernando Graubart. Foto: Fernando Graubart

Após alguns anos com uma parede branca, achei que era o momento de dar mais vida para minha casa. Tenho alguns amigos que trabalham com grafite, em especial o Gen Duarte. Em uma conversa com ele decidimos que faríamos a arte”.

Como Graubart já conhecia o trabalho do grafiteiro, deu total liberdade para sua criação, destacando apenas que desejava que o resultado tivesse muito movimento e cores. O morador lembra: “certo sábado, convidei Gen para um almoço e alinhamos o que seria feito. No mesmo dia tinha o grafite na minha parede. Foram mais de 6 horas para a finalização da obra com o uso de diversas técnicas”.

 Processo de criação de um grafite

Processo de produção de Gen Duarte na parede da casa de Fernando Graubart. Fotos: Fernando Graubart

O apartamento de Graubart é uma construção de 1964, com ambientes amplos e espaços bem distribuídos, o que parece acolher ainda melhor a obra colorida. Para complementar, o profissional de comunicação e curador de arte teve a ideia de espalhar adesivos e pinturas em stencil em outros ambientes, deixando o visual do lar ainda mais interessante e interligado.

Grafite na casa de Fernando Graubart

Detalhes em adesivo e pintura na casa de Fernando Graubart. Fotos: Fernando Graubart

Ele também destaca o quanto é importante dar espaço para esse tipo de expressão: “sempre vi grafiteiros como artistas que usam a rua como suporte para suas obras. Eles estudam muito para suas criações, têm muita técnica envolvida, são atuais e apresentam a realidade de maneira compreensível a todos. Hoje, saem da rua e ganham espaço em galerias, centros culturais e até dentro de casa, mostrando que grafite tem muito valor”.

Gen Duarte, responsável pela obra na parede de Fernando Graubart, começou a grafitar em 1997 e deixa claro em seus desenhos que a liberdade das formas é o que mais caracteriza sua linguagem. O artista já transitou em diferentes estilos e, com o passar do tempo, criou sua própria identidade.

 Gen Duarte

Gen Duarte. Foto: Fernando Graubart

“Todos os meus grafites dentro dos lares ficam marcados em mim, já que cada um tem a história de famílias por trás. Quando as pessoas me procuram querendo uma obra minha é porque se identificam com o que faço. Isso é incrível!”

Outra artista acostumada a levar suas criações direto dos muros para as paredes internas é Erica Mizutani. O ar oriental em seus murais explode através de cores brilhantes, uma das características que conquistam o olhar de leigos ou especialistas no assunto.

Quando foi morar sozinha, Mizú fez questão de colocar um pedacinho da sua arte em todos os cantos de sua primeira casa. O que começou como brincadeira virou rotina e até hoje, depois de 10 anos, ela ainda sente um frio na barriga quando vê o resultado de seus projetos.

Erica Mizutani

Erica Mizutani em um dos grafites feito por ela. Foto: Erica Mizutani

“Eu quero fazer nos murais o que está no meu coração, jogar para fora as minhas percepções de massas e cores sem pensar muito”, diz Erica sobre seu estilo orgânico.

Em relação às moradas que já pintou, ela destaca uma história em especial: “quando terminei um dos meus desenhos, a moradora chorou meio escondida. Fiquei emocionada! O trabalho era a representação da sua família unida e feliz naquela casa”.

O projeto de um apartamento jovem criado pela arquiteta Bruna Riscali também destaca as pinturas na parede. Feita por Bruno Dias, a ideia foi construída em conjunto pela profissional e seu cliente.

Grafite na parede

Apartamento projetado pela arquiteta Bruna Riscali. Foto: Bruna Riscali

A arquiteta dá a dica para quem quer incluir a arte urbana na decoração: “é preciso ter empatia com o artista para deixar que tenha uma criação fluída e criativa. Ele pode fazer croquis antes, mas, se existe essa conexão, na hora da execução aparecem as surpresas boas que deixam o resultado especial”.

Gabriella Mondroni

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