Parte da tradicional família pernambucana de ascendência francesa Burle Dubeux, Roberto Burle Marx viu nascer seu interesse pelas plantas e pela música com sua mãe,Cecilia Burle, que sempre foi excelente pianista e cantora. Desde pequeno, Roberto Burle Marx fazia companhia para sua mãe e a ajudava a cuidar, diariamente, de diversas plantas e flores plantadas em seu jardim. Já com a ama de leite, Ana Piascek, passava tempo preparando os canteiros e olhando como acontecia a germinação das sementes do jardim e da horta.
Tapeçaria de Roberto Burle Marx exposto no Salão Negro do Congresso Nacional. Fonte: Leonardo Sá/Agência Senado
Na adolescência, aos 19 anos, Roberto Burle Marx teve um problema nos olhos. Foi aí que, em busca de tratamento, sua família resolveu morar na Alemanha. De 1928 a 1929, fixaram residência em Berlim. Foi neste período que ele conheceu as vanguardas artísticas, resultando em uma enorme paixão pela vegetação brasileira, localizada na estufa do Jardim Botânico de Dahlem. O Westwing tem o grande prazer de apresentar a vida e obra do paisagista.
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Biografia: Roberto Burle Marx
Difícil escolha: pintura e plantas
Roberto Burle Marx nutria um grande interesse em desenhar a figura humana e por este motivo se viu dividido entre a pintura e as plantas. Foi então que decidiu estudar pintura e a visitar semanalmente o Jardim Botânico.
Com olhar observador para desvendar as espécies que se encontravam ali, Roberto Burle Marx acabava misturando seus conhecimentos vindos do ateliê de pintura Degner Klemn. O interesse por pinturas e plantas acabou por gerar um estilo de pintura preso ao expressionismo da década de 20, quanto à ordenação de figuras, formas estilizadas e/ou estilizadas e cores intensas – com o intuito de imprimir cenas intimistas com nus femininos, naturezas mortas, paisagens e até mesmo favelas.
Já na década de 40, Burle Marx começa a se interessar pelo estilo pré-cubista e cubista de Cézanne, Picasso, Braque, Léger, Gris, Lhote, entre outros. Considerava sem igual as obras de Braque, por sua influência na arte contemporânea e sua compreensão em relação ao conceito pictórico.
Neste período, seu trabalho consistia em utilizar óleo e guache – e a combinação destes materiais – para produzir sua arte. Isso explica o fato de inúmeras obras lembrarem desenhos coloridos, pois era atribuída a mesma técnica na pintura, na estamparia e na pintura sobre tecido.
Roberto Burle Marx: paisagismo versus pintura
Renomado internacionalmente como paisagista, Roberto também ficou conhecido como um primordial pintor, escultor, tapeceiro, ceramista e designer de joias.
Com isso, mesmo sem aprender formalmente a arquitetura paisagista, a pintura influenciou nas criações de seus jardins, sempre pintando com as plantas e se definindo como um artista de jardins.
Preocupação ambiental de Roberto Burle Marx
Preocupado em preservar a flora brasileira, o artista revolucionou quando utilizou plantas nativas do Brasil em suas criações, o que se tornou a sua característica mais marcante.
Atualmente, por conta disso, certas plantas da Mata Atlântica ganharam maior visibilidade e vêm sendo cultivadas em diversos viveiros. Este foi o motivo que tornou o estilo de Roberto Burle Marx sinônimo de paisagismo brasileiro no mundo todo.
Por este motivo o paisagismo modifica o local, se tornando o ponto focal de qualquer ambientação e promovendo um toque natural, de modo artístico, o que nos remete a uma obra de arte, totalmente exclusiva e mutante.
Parque Roberto Burle Marx – Parque da Cidade: um legado vivo do paisagismo brasileiro
O Parque Roberto Burle Marx – Parque da Cidade é um dos maiores exemplos do legado do paisagista no espaço urbano brasileiro. Localizado em Brasília, o parque homenageia a genialidade de Burle Marx com uma área verde ampla, repleta de espécies nativas, traçados orgânicos e integração harmoniosa entre natureza e arquitetura – marcas registradas do artista.
Ideal para caminhadas, piqueniques e atividades ao ar livre, o Parque Roberto Burle Marx – Parque da Cidade também é um espaço de contemplação, onde o design do paisagismo valoriza tanto a estética quanto a funcionalidade.
Com lagos, jardins e áreas sombreadas, ele reflete a visão modernista de Burle Marx, que acreditava que os espaços públicos deveriam ser belos, acessíveis e sustentáveis.
É um destino essencial para quem aprecia arte, natureza e urbanismo. Fica localizado na cidade paulista de São José dos Campos, que faz parte do Vale do Paraíba.
Parque Ecológico Roberto Burle Marx – Parque das Águas: natureza e paisagismo integrados
O Parque Ecológico Roberto Burle Marx – Parque das Águas, localizado no bairro Flávio Marques Lisboa, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, é um espaço que combina preservação ambiental com opções de lazer para a comunidade. Com uma área de aproximadamente 176 mil metros quadrados, o parque está inserido no complexo ecológico da Serra do Rola-Moça e abriga nascentes importantes, como o córrego do Clemente, contribuindo para a bacia do rio São Francisco.
A vegetação predominante é típica do cerrado, com espécies como copaíbas, ingás e jatobás, além de áreas de mata ciliar . A fauna é diversificada, incluindo tucanos, pica-paus, sabiás, gambás e micos-estrela. O parque oferece infraestrutura para atividades recreativas, como quadras esportivas, campo de futebol, trilhas, playground e áreas para piqueniques.
Além do lazer, o parque desempenha um papel importante na educação ambiental, sendo utilizado por escolas e instituições para projetos culturais e sociais.
Livros de Roberto Burle Marx: obra e pensamento do mestre do paisagismo
Os livros de Burle Marx são fontes ricas para quem deseja conhecer mais sobre seu estilo, ideias e contribuições para o paisagismo moderno. Embora ele tenha sido mais atuante como artista e criador visual, diversas publicações reúnem seus projetos, desenhos, entrevistas e reflexões sobre arte, botânica, urbanismo e meio ambiente.
Entre os principais livros do artista ou sobre sua obra, destacam-se títulos como “Roberto Burle Marx: Arte e Paisagem”, que apresenta sua visão multidisciplinar, e “Burle Marx na Bahia”, que revela sua relação com a flora brasileira. Essas obras são essenciais para estudantes, profissionais da arquitetura e amantes da arte que desejam mergulhar no pensamento de um dos maiores nomes do modernismo no Brasil.
