'O pintor faz o que sabe, o artista faz o que quer'

© 2011 Westwing / Fotos: Estúdio Gustavo Rosa

“O pintor faz o que sabe, o artista faz o que quer”por Carolina Carecho

Jogador de futebol, animais, banhistas. Tudo isso e muito mais você irá encontrar nos trabalhos do artista Gustavo Rosa. Um paulistano que deixa sua marca por onde passa. Gustavo sempre procurou impor sua arte longe dos modismos. Independentemente do que falam, criou no decorrer dos anos sua própria identidade e DNA.
Compostas por muitas cores e bom humor, suas telas transmitem muita alegria para o ambiente. A necessidade da cor vem desde a infância, quando Gustavo viajava com a família para o interior paulista. Lá, em uma mercearia, gostava de escolher o doce mais colorido. “Tinha um doce de quatro andares, era vermelho, verde, amarelo e azul. Era uma gelatina horrorosa que tinha anilina pra dar cor”, conta. Mas a mãe de Gustavo não gostava, falava pra ele não comer esse tipo de doce porque era veneno. “Mas eu não dava ouvidos. A cor sempre me chamou muito a atenção”.
Além das cores, outra grande característica que você encontrará nas peças de Gustavo são as críticas sociais, como por exemplo o preconceito, a desigualdade social e os estereótipos de beleza. É na praia que o artista tem as grandes ideias. Cenas cotidianas, como mulheres caminhando ou tomando sol, cães e outros animais, são sua grande fonte de inspiração.
Gustavo expõe e produz suas artes no seu próprio Estúdio em um dos bairros mais nobres de São Paulo. Um antigo casarão da década de 40, nos Jardins, se transformou em um grande espaço onde, além de ser seu local de trabalho, é também sua residência.
No segundo andar do Estúdio Gustavo nos mostra numa linguagem cronológica alguns trabalhos que fizeram o caminho do artista. No jardim, no piso térreo, é possível ver um grande lápis amarelo, uma homenagem que ele quis fazer já que foi o lápis seu primeiro meio de comunicação. Apesar de ser a paixão dos arquitetos, as palavras decoração e tendência não fazem parte do vocabulário do Gustavo. “Decoração passa de moda, é algo muito instável. Já o quadro não, o quadro é eterno. O grande artista faz a coisa com seu sentimento, ele traduz a sua época. Esse é o verdadeiro artista e não aquele que faz a obra em função da decoração”, completou.
E se você acha que ele só pinta quadros está enganado. Gustavo deixa a sua marca também em relógios, chinelos, camisetas, peças de dominó, acessórios para a cozinha, livros, e uma infinidade de outros artigos. Sua última obra foi feita na capota de um carro Mini Cooper. Ele pintou um cachorro Bulldog na lataria. “Eu fiz esse cachorrinho com o osso para a capota do carro porque o Mini Cooper foi inspirado num bulldog”, disse. Quando perguntado sobre como define o seu trabalho e se é um trabalho comercial, ele foi enfático. “Comercial não é a palavra. No meu trabalho eu tenho uma linguagem que atinge principalmente gente desprovida da arte, é um trabalho gracioso, é figurativo. Acho que o trabalho tem que chegar ao grande público mesmo, o público que não é conhecedor”.
Não é só no Brasil que Gustavo faz sucesso. Em meados nos anos 90, criou uma grife nos Estados Unidos na Bloomingdale’s. Outro grande sucesso do artista no exterior foi em 2009 quando expôs no Museu do Louvre, em Paris, uma homenagem à artista brasileira Tarsila do Amaral com a obra “Abaporu”, que sem perder o bom humor, usou o famoso quadro para homenagear a Presidente da República Dilma Rousseff.
Gustavo Rosa finaliza a entrevista dizendo que não tem um quadro preferido. Humilde, ele fala que o que mais gosta é da tela que vai pintar amanhã.

Gabriella Mondroni

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