Coleção Yawanawá

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© Fotos da tribo: Lucas Moura || Fotos da exposição: Ramanaik Bueno

Coleção Yawanawá

21.08.13
* Por Priscila Silvério
Imagine viajar mais de 20 horas de ônibus e canoa, passar quase um mês imerso nas aldeias de Nova Esperança e Amparo e atuar diretamente com as tribos indígenas locais para compartilhar ideias, inspirações e perspectivas. Foi exatamente isso que Marcelo Rosenbaum viveu na concepção da Coleção de luminárias Yawanawá.
O famoso arquiteto convidou dois estúdios com repertórios distintos para participar do projeto A Gente Transforma, que tem como principal objetivo realizar mudanças positivas em uma comunidade, desenvolvendo um trabalho colaborativo em que os envolvidos aprendem e trocam experiências. Com a participação do Fetiche Design (de Carolina Armellini e Paulo Biacchi) e o Nada Se Leva (de André Bastos e Guilherme Leite Ribeiro), o grupo viajou ao coração da floresta amazônica e conseguiu trazer símbolos e tradições para expor ao mundo toda a riqueza desconhecida das raízes do Brasil.
Isso não significa que eles sabiam o que iam encontrar na aldeia e nem que tinham planos prévios. Na verdade, os profissionais foram quase às cegas e passaram por uma aventura que rendeu surpresas, aprendizados e descobertas inesperadas. “Eu não crio nenhuma expectativa, pois acho que o mínimo que fizéssemos lá já ia ser grande. Se eu fosse com uma ideia, ia ser uma coisa de cima para baixo e pronto. Mas a proposta é exatamente o contrário, é aprender e trocar com o que a gente sabe. É o processo”, afirma Rosenbaum.
 
Mais que um objeto, um conceito
A equipe multidisciplinar tinha a percepção de que o design poderia atuar como um agente de transformação social. O intuito se concretizou nesta nova coleção feita juntamente com a La Lampe e desenvolvida simultaneamente na sede da marca e na floresta.
Na última sexta-feira (16) aconteceu em São Paulo a estreia da exposição de toda essa parceria. Os visitantes conferiram peças com cúpulas de miçangas que cobrem parcialmente as lâmpadas e deixam passar naturalmente a luminosidade por entre os vãos desproporcionais, simbolizando o Keñe (tapete de luz), elemento sagrado que representa um caminho que se trilha sem medo de errar. E significados fortes não faltaram no projeto, como diz o designer Guilherme Leite Ribeiro, do Nada Se Leva “Tudo representa um aspecto da cultura indígena ou algum elemento da floresta, desde a jiboia até o cocar. Então há sempre uma importância e um histórico”.
Marcelo Rosenbaum reforça esta ideia e explica que, no final, o que foi gerado não são simples objetos de consumo, mas um conceito que carrega as simbologias da vida na tribo, assim como a energia das pessoas que elaboraram cada item.
 
Recepção em Milão
Durante o mês de abril, as luminárias desembarcaram na Itália para deslumbrar os visitantes do Salão do Móvel de Milão. Ali, além das peças em exposição, alguns representantes da tribo realizaram rituais, chamando a atenção e encantando quem estava ao redor.
O designer Guilherme Leite Ribeiro afirma que a recepção foi simplesmente incrível “As pessoas ficaram encantadas por causa do aspecto minucioso e delicado das peças. A gente criou uma selva no meio da praça do Duomo e elas foram transportadas”, conta. Seu parceiro de trabalho, André Bastos, que esteve presente na ocasião, complementa “Parecia que estavam vivendo uma coisa ancestral”.
 
Saiba mais sobre os Yawanawás
Há quase três décadas o povo Yawanawá demarcou seu território no Acre. Marcelo Rosenbaum explica que a etnia já tem contato com o homem branco há mais de 130 anos. Ao longo do tempo, os índios foram se transformando e se adaptaram a vários hábitos urbanos. Mesmo assim, o que buscam cada vez mais é resgatar antigos hábitos e tradições.
O designer André Bastos contou um pouco mais para o Westwing sobre os Yawanawás:
“Eles foram evangelizados por missionários durante cem anos e escravizados por seringalistas. Nos anos 80, a aldeia lia a bíblia o dia inteiro e não tinha hábitos indígenas de dança, canto, pesca ou caça. Eles compravam nas cooperativas e eram praticamente urbanos. O resgate da cultura está sendo feito de 30 anos pra cá, com algumas pessoas que ensinam novamente as danças, os cantos, os rituais, o próprio artesanato, os desenhos, os grafismos e as dietas. Foi uma retomada. É um choque quando você chega na aldeia e espera encontrá-la intacta. Acontece o contrário, pois é um lugar em que estão resgatando o ser índio.”
 
Outros projetos
Documentário – A GNT produziu um documentário sobre a Coleção Yawanawá desenvolvida através do projeto do A Gente Transforma. No dia 21 de setembro ele irá ao ar!
Gostinho brasileiro – Um cardápio temático foi feito em homenagem à riqueza da gastronomia brasileira e à culinária indígena. A chef Ana Luiza Trajano, do restaurante Brasil a gosto, vivenciou os costumes e conheceu a alimentação dos índios. Desta forma, procurou ser fiel aos hábitos da cozinha Yawanawá, realizando pequenas adaptações. Quem estiver em São Paulo, pode fazer uma visita e provar as delícias até setembro!
 

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Gabriella Mondroni

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